Uma vez perdido no tempo, livre dos espinhos que cortam sem dó – ventos com navalhas que sopram afiadas e lisas, rumo à, perfura, desliza dentro e escorrega pra só então existir um lobo em seu despertar. Como uma fera, pouca fala e muito plano. Quase deixando de existir… sentindo diferente. Quase não entendia.
Ora medo, ora confiança. Falavam de um outro lugar no tempo. Um que depositam sentido só por existir: pequenos rituais, circos, girafas e um outro que acabaram de lembrar: sempre causa e efeito de algo muito maior. Aquilo era uma trilha, na realidade. De lá saia a desordem, a desarmonia, pouca risada e tudo novo outra vez.
Sorrateiro, breve e talentoso, este era o lobo. Por aí só uma absorção de sí, uma loucura que não entendiam, mas agradava, atraia. Sensações das energias daquele caminho que não deixava parar de fluir dentro de si, de se libertar, de contemplar o que aparece hoje pro jantar em família. Famintos, em crise de abstinência. Sagacidade.
Foi o atalho que encontrou buscando dentro de si. Pele de carneiro, cicatriz de 2001, introspecção na caça – foi um caminho sem volta este que o lobo criou. Cada detalhe era seu triunfo, sua força de lobo, empoderou-se do que existia dentro, sempre em frente. Devagar e sempre. Nunca parou.
Igor Florim