Nascia sempre ao horizonte – distante, inexplorado e vital. Pulsava em cores que exalavam vida. Na sombra: nuance fadigada. E o escuro o é lamento que deixou de existir. Iluminação incolor.
Era uma novidade isso de mudar a realidade, investir em um certo alguém ou perambular sem luz. Vento sorrateiro e madrugadas de ligeira lembrança. Puro sufoco relembrando o pensamento.
O tempo voou, sem que eu me desse conta. Viajei tanto que precisei pousar. Estou todo inchado. Retenção de líquido, desequilíbrio sobre o muro de Berlim soterrando sonhos, murmúrios, fugas.
Passou depressa demais. Escorreu, levou junto tanta coisa e enterrou o que só se arrastava – ajuda mútua, todos queriam sobreviver. Longe das raízes, muita fazenda e pouco gado. Tempos difíceis.
Ruptura no pensamento. Sem mais saídas. Se via cada vez menos por ter voltado a lembrar… a entender… a desconstruir. De tanto se desmontar, caiu na desordem. Casa desarrumada, cheiro estranho.
Por onde andavam as pessoas nessas horas? Coisa de endoidecer. Faltava mais do mesmo. E eu atrevido no que ensinei, hoje crescia e lembrava. Tudo à prova. Sem mais arquivos.
Roteiros que não testemunharam seus atos. Registro com ato heroíco. Narração de uma última tentativa: acabou forçando a barra. Merecia um regador, um óculos e quem sabe, nascer novamente.
Foi assim que foi dormir.
Tentando.
Completamente vivo.
Igor Florim