Era bem cedo daquela manhã. Muita gente corria e não se molhava. O frio de congelar os pés que nunca ficariam secos. Vida que escorrega na paixão que prende, rio que lava, leva, afunda.
Foi o bastante para os dois ficarem lá… mãos dadas, pouco escudo e muita coisa acontecendo. Era o mundo que caminhava junto… sem planos, mapas perdidos, muita rima e a poesia, viva. Viveu.
E que vida. De longe um forte espelho. Brilhante e impecável. De perto inteiro rachado – quase sem esperança. Vazio e profundidade no que era só reflexo. Coisas existindo, muito riso à noite de sábado.
Tentaria algo novo. Um esforço a mais, uma dedicação na vacuidade da vida – se não desse certo, era fácil desistir. Foi seguindo… absorveu tudo o que se aproximou e sem querer, era outro. Mudou.
Olhos fundos, boca larga, mãos que só percorrem. No futuro a liberdade será como num livro… extensa, poluída, cheia de impressões pessoais da mais natural vivência. Alterada pra caber na lingua.
Quais eram as coisas que ascendem e se desligam para explorar ou entregar pra vida o que é triste? Casa sem porta, janela emperrada. Nunca luz, só meia sombra. Pouca aquarela, lugar só pra escuridão.
Fumaça em alto mar, perdidos num sábado de carnaval. No meio do cérebro eram como perfumes exaltados, expressões de forte aparência e tudo que fosse sensível, autoral, chocante. Dói pra sair.
Nunca desliza. Apenas rupturas, braço direito no peito e lembrança injusta consigo mesmo. Como um buraco – vinha pela alma, trilha no corpo, só cicatriz: mapa de antigas navegações… descobertas…
Todas em alto mar pulavam soltas, guerreiras do que machuca (pra não chocar), silenciavam enquanto a solução era nunca suspender o fluxo. Sem recusas, tudo seria necessário. De barriga cheia.
Era tempo de estocar toda aquela fome. Sem mais limitações, apenas tudo o que era novo, de novo. Sugestão de recomeço, giz marcando o caminho, suor matinal. Apenas recaídas. Se maltratando.
Que falta de sorte. Não nasceu no tempo certo. Tinha tudo pra ser uma outra pessoa. O tempo, estava na verdade, como num temporal: em tumulto. Só vento forte, mais nada de brisa. Tudo se acabou.
Igor Florim