Existiu num ano próximo, um breve momento de uma tristeza profunda. Os dias passavam carregados, existindo pra tirar o equilíbrio que tanto aparentava, surtar o que a cabeça sempre pensou e cá estava ele nesse mesmo ano: sem sinal de vida. Não atravessava o retorno, sem luz em direção, muito grito e pouca escuta. E nesse cenário armamos grandes pretenções futuras: uma das ideias iria muito longe (mesmo).
Flecha em direção ao mundo. Cântico dos Deuses que num soneto antigo recitavam a história do mundo velho que se readapta a cada passar de tempo, reestrutura, recomeça sem nunca sentir medo do novo. Sem parar pra pensar mergulhavam de cabeça todos os dias. Grandes braçadas, agilidade e muita força. Velocidade constante. Membros desgastados dos pés à cabeça. Coitada da cabeça. Quase se perdeu (mesmo).
Nada nunca iria se repetir sem se carregar… tudo escorreria como líquido. Mão sem força pra prender, apenas escoe, desliza, escorrega. Aquilo era o mais íntimo que ele tinha pra não deixar sumir. Pra ele, tinha toda a importância do mundo. Visão ampla e panorâmica: das certezas da vida. Desde criança ele sabia. Via tudo com muita clareza, mas precisou ver tudo. Existem coisas que não se bastam, se completam (injustamente).
Circos e trompetes, bandas de rock pesado, california nos sonhos de verão. Foi se instruindo… cresceu tanto que se sentou pra entender de peixe grande. Todos ao seu redor. Próximos, íntimos. Mar em movimento, abertura pra travessia, tudo íntimo demais, desespero de filme velho, dramatização de roteiro, fazia questão de deixar tudo paralisado: ele morreu. O garoto morreu. Agora, nadava já igual peixe (grande).
Igor Florim