dicionário de silêncios

Tempo dos segredos, corredeira d’agua… muita, muita água. O tempo, na verdade, queria mergulhos profundos

Foi deslizando

Lavou aquilo tudo de dentro

Quase se perdeu

Lá em baixo, sem enxergar e sem escutar, todos resolveram ficar em silêncio.

Os dedos tocavam as partes mais ásperas do corpo. Tudo muito hostil, pele na pele

Mãos que não apertam, só deixam os arrepios

Braços que não prendem

Força que não machuca

Água gelada

Muita. Muita intensidade. Tudo aquilo viria percorrendo pelo arrepio da pele, pra surgir em um dicionário que falaria de todos os silêncios

Das palavras não ditas

Dos amores perdidos

Do toque que fala sem som nenhum

Foi assim que o mundo todo aprendeu a falar

Em silêncio

Igor Florim

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