No verão todo o calor sempre vira brisa fresca quando o dia termina.
E dos dias em que a brisa não se transformava em chuva (de verão), o tempo paralizava entre nós dois um caminho de olhares, cheiros e uma poesia que, um dia, se transformaria no filme mais bonito que alguém já fez.
E foi assim que resolvemos gastar o nosso tempo, no abismo entre nós que de tão amplo e vazio, se tornara naquele verão um mar de possibilidades – das coisas que só o silêncio diz: “o que você tanto procura dentro dos meus olhos?”.
E sempre que eu chegava você já estava lá, olhando… olhando… e de tanto olhar, sempre me achava. Acho que tentei te assustar todas as vezes, mas a energia que você depositava em me encontrar tornava essa, a busca mais bonita das que já me procurou. Uma busca que quase como um mapa, sabia exatamente onde me achar.
Hoje eu resolvi trazer um mundo inteiro pra você
“Respira, mas enche bem o pulmão pra quando soltar, libertar tudo o que se prendeu por engano dentro de você.”
Foi respirando abraçado em você que me tornei outra pessoa. Mãos dadas, muito sol e todos aqueles sorrisos e olhares que juntos são tão fortes que conseguem destruir mundos sem querer ou construir os países mais incríveis que estão por vir, se juntos por muito tempo.
Isso tudo foi forte demais
Alguns mundos moravam dentro de você
Explorei mergulhos num oceano bem profundo
Mas certas viagens, meu amor, são caminhos sem volta: “o destino ta sempre em frente”.
Fechei os olhos e quase não acreditei no vento forte (apelidado de brisa) que tinha acabado de passar.
Dizem que sempre somos responsáveis por quem cativamos. Ainda assim, depois daqueles dias, ninguém nunca mais mirou nos meus olhos essa coisa que me instigou a ir tão longe com você.
E foi assim que amanhecemos naquele dia, na despedida que veio pra empurrar o destino que só você exalava: o que fala das chegadas e das partidas.
Você sempre será aquele que foi embora mas me fez escrever novas linhas (que por falta de espaço me obrigam à virar a página). A sempre virar a página.
As chuvas hoje em dia são bem diferentes: sem brisa, sem vento no rosto e ninguém olha nos olhos de ninguém. O verão acabou de vez.
Por isso nunca mais pulei nenhuma página… pra conseguir te ver partir e se tornar aquele que foi embora…
Muita força
Saudade das panquecas. Sei que jamais esqueceremos.
Aquele que
Foi
Embora.
Igor Florim