O tempo agora é outra coisa
Respirando
Passei lentamente por todo o caminho
Foi tempo o bastante pra escolher quem trazer comigo e sabiamente não puxar quem não mais (ou nunca antes) andara por perto de quem sou
Os caras engravatados perderam. Hoje na mesa fazendo negócios, deixei todos em silêncio. Venci no jogo. E saindo daquela reunião encontrei o mundo todo revirado
Dei um passo e tudo transbordou
Entendi depois de repetir o mesmo erro infinitas vezes, que tudo o que eu segurava firme nas mãos, se tornava um dia, outra coisa… das que ditam suas próprias regras
Assim fui desafogando o oceano em mim
A maré leve
Levou
Sumiu
Lavando de dentro pra fora
(Era como se afogar no fundo do próprio estômago e esperar o transbordar pela garganta)
Cantando todas as notas
Sem lembrar do último dia que desafinei
Projetando notas próprias
Em melodias que nasceram dentro de mim
Foi quando ganhei muitas novas fontes de energias. O tempo de acender todas as coisas retornou
Então ascendi
E é tão bom seguir os nossos próprios pequenos rituais
Colocando tudo em ordem
Fazia tempo que eu não respirava tão bem assim
Talvez por isso que não publicava receitas de bolo aqui neste meu jornal desde então
Muitos bolos deram errado. Esqueci de mencionar
Mas segui tentando
E nunca parei
Um dia desses eu provo o sabor dos novos bolos. Já que fiz milhares, devo estar acertando hoje em dia
Mesmo sem provar
Nenhum
O último bolo que eu tomei durou sagrados poucos segundos
Pra ser o bastante
Esquecendo-o para sempre
Sou grato por ser assim. Me respeitar profundamente, mas ir até o último ponto. Navegar até a última verticalidade transitável (como se isso fosse possível). Mas se machucando em outras formas do passar do tempo pra entender o meio do caminho
Já que nos extremos vivo
Outro dia falo das lembranças que ainda devem existir dentro de mim
Mas até lá, eu não sinto falta de nada
Foi quando o futuro virou o presente. Já vi esse filme. Decorei todas as falas
Estou pronto.
Igor Florim