Acordei na parte de trás de uma van muito moderna – com tudo em movimento
Os estofados foram feitos pra ninguém cair pra fora e no meio de tudo isso
Caímos juntos
Um no outro
Ninguém falou nada. Olhamos nos olhos e ficamos lá
Paralisados com esses e outros mistérios – como se nos conhecêssemos de outros mundos. E decidimos começar a falar
Foi quando voltamos pra van, ainda juntos. Você me entrevistou como um tigre e me cercando, notou que eu não temia ataque algum
Foi minha vez de atacar
Te fazendo chorar como nunca ninguém havia feito
Falando de amor bem nos seus olhos
Em voz alta
Fiquei lá
Talvez perdido
Com você me explicando o quanto tinha certeza que um dia me encontraria e eu sem reação, tentava explicar a mesma coisa só que pelos meus olhos
E a van resolveu se partir no meio
Durante a separação, seguramos a mão um do outro
Saltos ornamentais
Gritos de trappers
Eu não vou te perder
E foi assim que acordei aqui neste novo lugar
Quase como um filme. Muita ficção e dúvidas que não deixam o véu cair. Assim fica muito difícil enxergar com clareza
Aquilo que não tem cor
Nascer aqui é o mesmo que cegar-se para só assim ver-se de verdade
Esqueci de muita coisa
E você tava no meio
Foi inacreditável te rever. Não sei quantos anos mais vai demorar pra isso acontecer de verdade
Fiquei lá
Lembrando do buraco sem fim dos seus olhos
Da imensidão que consegui ver lá dentro
Era você
Sem roupa
Expressando as deusas que vivem dentro de ti
Cansei de lembrar
Hoje eu vou viver
Te encontro quando for a hora
Até lá
Ainda não soltamos nossas mãos
E não saímos de dentro dos olhos
Recomeçar foi uma loucura
Mas escolhemos vir juntos para cá.
Igor Florim