Talvez um dia eu sinta falta de tudo o que existe hoje nos meus dias

E que também se esgotará, mais cedo ou mais tarde

Dando aquele ar de: Ufa! Acabou

Porém mais tarde naquele mesmo ano eu sentiria saudade do que terminara

Como se toda a vivência passada não fosse o bastante

Talvez por ali não estar

Deixando o mundo todo passar pela minha frente

Sem me conectar com ninguém de novo

Numa dessas eu fui além

E em outras fiquei sorrindo e chorando – sem derramar nenhuma lágrima

Tudo o que flui de dentro pra fora ainda permanece lá

Preso em meus olhos

Cada lágrima que não cai é um nó na garganta enquanto estou sorrindo

Parece que mesmo sozinho, eu não me expresso igual os outros

Não sai nenhum soluço

Mesmo na maior dor que já senti

Talvez isso seja um castigo

Como se existisse essas coisas

Mas note, eu tento ser igual

Na verdade acho que já tentei e hoje não mais

Hoje mesmo. Foi quase um dia desses quando tudo mudou

Deixei pra trás tanta coisa que na hora não notei o que ficara

Só observando todo o novo que já era alvo da minha visão

Muito lugar pra ir

As rádios estão tocando a música que eu não publiquei

Era o hit do verão

Mas eu não publiquei pois dentro de mim a vontade era de fazer o hit do inverno, ou de qualquer outra coisa que me soasse como verdadeiro

Ou como próximo de mim (de alguma maneira)

Porém nunca aconteceu

Deixei de fazer coisas enormes. Na verdade fiz tudo

Mas não me dei ao trabalho de mostrar o que não era pra mostrar

Talvez para alguns eu adormeci no tempo e não fui aquela promessa toda

Mas para mim

(Que é o que deve importar)

Fiz tanto…

Que é só por isso que eu cheguei até aqui

Aprendi a apreciar o momento

E entender a hora de cada coisa

Mas entenda, não há momento ideal para nada

Desde que dentro de ti aquilo faça algum sentido

Siga em frente

A minha solidão me ensinou muitas coisas

E a mais preciosa que eu ouvi nessas ocasiões

Foi a de seguir sempre em frente

E de deixar para trás quem não seguia também

Mas sempre que eu paro de pensar em tudo e começo a cantar…

O mundo todo me encanta

Deve ser porque nasci cantando

Ou porque em toda a minha existência antes ou depois daqui eu sempre cantei

Bem alto

Embora nos últimos anos eu aprendi a também cantar baixinho

Acharam que eu não saberia

Na verdade só não queria soar assim

Pra tão pouco

Pra tão perto

Queria soar distante

Como um pássaro numa nova manhã que se inicia

Amanhã será um novo dia. Embora eu nunca mais pensei assim

Estou no agora

E sim

Deixei muita gente para trás

E todos nem perceberam a minha ida – pois já haviam ido

Sem mim

Se eu te contasse tudo o que eu construí em mim depois de minha partida, você não entenderia coisa alguma

Então nunca mais contei essas coisas

Venho de agora em diante apenas mostrando

De perto

Bem alto

Ou baixinho

Tudo começou. E eu já vivi esse filme antes

Eu amo recomeços.

Igor Florim