
Já me convenci de sua partida
Sem despedidas comoventes
Não mais te ver foi um recomeço
E agradeço por tudo o que não vi
Ignorei tanto
Que apagou
Respirei muito
Chama encharcada
Cigarro molhado
Ficamos rindo dessas coisas
Afinal nada importa
Era um dia de não evitar gastos
Abundâncias
Por que a gente é triste assim?
Não deveríamos ser
O dia de hoje é o dia mais importante do mundo
Só por estarmos no tempo agora
Surfando essas ondas
A praia de noite é a coisa mais linda
Você deitado do meu lado
Inteiros molhados
Completamente vivos
Refresco carioca
Falando coisas das estrelas
A gente já fez muita loucura por aí
Pra ser essa vida toda que agora somos
Aquela é a constelação de sagitário
É um grito
Ouça
Um cavalo selvagem
Gritando
Correndo
Esbravejando liberdades
Ele quer ser livre
Nunca amarre um cavalo
Pois quando ele se soltar…
Leva tudo junto
Revoluciona o mundo
E às vezes grita forte
Ouça
Feche os olhos
Não se assuste. Respire. É apenas um ritual de Ayahuasca
Você já fez isso antes
Em muitas outras vidas também
Este é quem você é
Conheça o seu interior
O cavalo que se soltou, agora apenas foge
Corre muito pra nunca mais ser preso
Não dá oportunidade para o arrependimento
Qualquer pausa em que ele deixe de se vigiar, abrirá oportunidades para saltadores ferozes
Pularem
Vencerem
Prende-lo
Foi assim que todos foram presos
Ferraduras nas patas
Cordas na boca
Ele não pode se arriscar novamente
Cair em tentação
Ser preso
Então mesmo com todas as ligações que o conecta…
Nunca mais parou de correr
Ninguém mais prende um cavalo selvagem
Ele é tudo isso
Essa liberdade toda.
Igor Florim