
Queriam que o meu corpo estivesse aceso
Ascendi
Todas as minhas partes agora florescem
São seres neons nesse céu
Movimentos livres que só ondulam
Por favor não vá embora
Fique mais um pouco
Justo agora que tudo melhorou
A gente planejou isso daqui juntos
Agora colha seus frutos
A festa estava apenas começando mas não me deu ouvidos
Àquele som
Àquela onda
O mundo pirou
E essa balada é tudo de mais sóbrio que restara da noite
Invadem meu corpo
Perfuram meu corpo
E sem que me toquem, ocupo todo o ambiente
Dominei a balada
Meu corpo é uma lança
Agora sou eu quem ataca
Pela simples existência nesse lugar
Ruminando
Libertando
Fiz todos se lembrarem do ritmo
Dançando
Cantando
E me perdi nessa festa
Agora sou eu invisível, no meio da madrugada, por entre passagens escuras e salas neon, na balada mais cruel de São Paulo
Ela é o mundo e todas as instituições juntas num só festejo
Deus nos acuda
Me salvei
Fui fumar um cigarro no topo do prédio
Precisei de um ar
Tirei três fotos
Me conheciam
Uns outros me olharam de longe, fiquei tímido para gravar áudios no celular
Mas gravei mesmo assim, obviamente
Eu vou para outro lugar. Quero sair daqui
Entro na escada, vou passando por todos os ambientes da balada para encontrar os meus amigos
Mas não achei ninguém
Às vezes mãos me agarravam e eu tirava, aniquilando com os olhos o dono daqueles dedos
Todos sem graça
Invicto
Atravessei os andares
Vi uma cena que não imaginei ver
E pela segunda vez na noite, fui dançar um pouco
Foi como me conectar imediatamente com o ambiente
Meu ser maior quis dançar àquela dança
Joguei muita coisa fora
Saí ileso
Ainda letárgico, pensando na cena
Eu até esqueci que era para dançar aqui na balada
Fiquei horas pensando em outra coisa
E agora danço pra não pensar em outra
Intensidades neon
Atravessei o último ambiente e finalmente estou na rua
Meu carro ficou há umas quadras daqui
A rua agitada
A metade da madrugada se estabelece
Quem vai pro crime se apressa, a hora é agora
E quem não vai
Aos poucos some
Barracas de cachorro-quente ouvindo rap brasileiro
O céu luminoso
A batida do som da balada ainda no ouvido
Pensando bem, eu vou para a minha casa
Entro no carro
A janela aberta
A cidade dormindo
Respirei bem fundo
Um dia me falaram: tenha paciência
Não entendi muito bem nesse dia
Precisei de muita paciência nos meses seguintes até aqui
Então… perdi a conta das vezes em que só pensava nisso
Tenha paciência
E o relógio corria
E a raiva aumentava
Uma ira
Um sinal vermelho no pare!
Fiquei lá
Lembrando
Foi um conselho
Me ajudou muito
Meu carro parado
Esperando o sinal abrir
A noite gelada
Um vazio
Um silêncio
Mas não sei para onde eu vou. Quero transformar esse mundo. Na dúvida, vou pra frente
Acelerei
Não esperem por mim
Nenhuma mão conseguiu me ludibriar
Até hoje
E as pessoas que faziam isso, me enganar, desistiam depois da primeira tentativa
Eu sou sagaz
Ficava olhando dentro dos olhos delas
Dizendo com o olhar: eu sei que mentes
Sabes mentir
E serenamente te assistia
Eu entendo dessas danças
Acabei com sua farra
Este é o sábado da noite Paulista
Todo mundo solitário
Gastando salários acumulados
Já que o mundo agora é isso, esse progresso todo
Não falta mais nada
Sobra
Cuidado para não ser atingido
É a idade média dos anos 2000
Aniquilam inimigos
Luzes neon por todo lugar
Estão festejando a sua queda
Portando ocupe essa festa
E gaste o seu salário
Pois daqui a pouco a noite acaba
E todos os jogos caem
Luzes neons apagadas
Te esquecem na balada
E tu fica lá
Até a semana seguinte
Abatido
Solitário
Mas acostume-se
O mundo tem dessas coisas
E sozinho estamos todos.
Igor Florim
toda balada, como chama agora, é um engana que eu gosto. Na verdade estamos sempre procurando. O que? quando finalmente aceitas a solidão de ti, encontras que o xis da questão é só teu. O que? perguntaremos eternamente, as linhas retas, ou curvas ou zig zag, vamos levando a vida com o oficio de sobreviver. Dançar realmente é fantástico, já dançaste dentro da tua cabeça, é genial, pois quando escuto uma musica, escuto movimento. vá em frente sempre
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