
O dia começou com cansaços aflorando no meu corpo
Hoje
Especificamente hoje
Estou assim
Carregado
Acelerei o carro dos outros
Fui até o último fôlego automotivo
E desacelerei meu fluxo
Freando no semáforo
Não tem ninguém aqui comigo
Meu estômago vazio
Talvez hoje eu coma algo só antes de dormir
Porém necessito enfrentar o mundo até que essa hora chegue
E eu durma alimentado
Reiniciando um novo dia
Renascendo
Hoje eu não tenho tantas forças
Coisas acima disso tudo ocupam a minha mente
É sempre assim
Pensamos no amanhã, na semana que vem, no mês que está por vir e esquecemos de tanta coisa
Enquanto o seu dia de sol continua lá – passando
E tu aí pensando no que vai fazer em seguida
Sem fazer as coisas do agora
A cidade está em quarentena mesmo, então vou ficar aqui estacionado
Semáforo em looping e eu lá
Freado
Sem atrapalhar o trânsito pois ele não há
Será esta a solução para um trânsito caótico? Eliminar o trânsito
Apenas sei que agora a cidade dorme o tempo todo
E eu aqui fora, querendo revolucionar o mundo
Antes de sair acelerando eu tive belos sonhos do futuro
Acordei em silêncio
Tem dias que são assim
Silenciosos
Era tudo tão bonito lá no que está por vir
Futurista
Porém tudo é exatamente como é agora
A gente não muda
Então comece pensando no seu futuro como você estando nele
E não em você numa versão diferente, melhorada, evoluída
Como se a gente se mudasse por inteiro
É sempre você
Até que perceba que pra ser alguma coisa, qualquer coisa, tu precisa ser todos os dias
E de tanto repetir tu acordará assim
Essa coisa do futuro
Tudo sempre foi assim
Devagar e sempre
Desafogando fluxos
Você é isso
A soma de todos os dias que vive
Olhei pro lado e vi outros carros freados ao meu lado
Eles só olhavam pro horizonte. Imóveis. Freados. Silenciosos
A cada respiração, um soluço cansado
Suspiros doídos
Lágrima presa
Garganta aperta
E o tempo corre do lado de fora dos carros
O sol transita, esquenta, aquece
O céu sem nuvens e todos lá no alto nos observando
Queriam nos ajudar mas não podem
Fomos nós quem resolvemos nascer
Então que o mundo nasça
Vou voltar pra casa. Acho que esse passeio foi para sentir profundamente algumas coisas. Dói bastante mas estou pronto para recomeçar
Quem sabe um dia de tanto repetir os meus recomeços eu não vire isso
Este renascimento todo
O carro escoou pelas ruas o nosso peso
Parei na minha garagem
Abri a casa
Fechei a casa
E estou aqui. Agora o que farei com isso tudo, com o meu tempo, com o dia de sol, com o semáforo fechado…
Isso tudo é problema meu
Se eu contasse, falaria do último sonho que tive
Era o meu futuro
Respirei
Retomando silêncios
Eu sei para onde estou indo. Portanto, deixe que eu vá.
Igor Florim
Estes seus textos estão mesmo muito bem escritos. Há tantas passagens que me marcam!
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Bom dia! Que lugar é esse, o das fotos? Abraço
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Olá! Eu não dou infos sobre as imagens… para não romper a ficção dos contos! Obrigado!
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