
Tem um homem em silêncio neste mundo
Hoje eu tentei ajuda-lo
O vi fechando seus olhos de cansaço
Optando por não responder aos insultos do mundo
Ele tinha todas as palavras na boca mas o mundo era surdo
E escolheu manter o silêncio
Engoliu seco
Embora coberto de razão
Riram de sua cara
Sinto tanta tristeza quando avisto uma coisa dessas…
Palavras não ditas
Um homem calado
Há um peso enorme em cima dele
É um fardo ser homem
E a loucura desse mundo é tão grande, que por ele se calar todos os outros homens também seguiram o mesmo fluxo
Tácitos
Eu queria ajuda-lo
Eu queria muito
E a onda se alastra
Tantos outros agora se calam também
A morte chegando
Ou você abre bem a boca e começa a falar ou a morte te silencia
Morreu pela boca, não pude fazer nada
Eu juro que tentei ajudar esse homem
Mas não consegui
Este homem sou eu
Me tratei com tanto carinho durante tanto tempo na expectativa da cura mas nada adiantou
Fui silenciado
E agora sou um tigre preso numa velha gaiola
Se debatendo em sua jaula, rugindo por liberdade
Ninguém me escuta
Estou dopado
Completamente dominado
Me ignoram aqui dentro
E é dentro dessa prisão que eu existo agora
Olham as minhas cores
Contemplam os meus tons
Mas querem apenas que eu seja manso e dócil
Porém eu sou fera
A minha natureza é essa liberdade toda
Jamais irei sucumbir ao zoológico que estou
Eu sou selva
O rei dessas matas
Na primeira oportunidade acabarei com os que me seguravam
E nunca mais cairei em armadilha nenhuma
Porém nessa vida talvez seja apenas isso, para sempre
O tempo passando
Minha vida se esvaindo aos poucos
E eu… indo embora de mim
Nunca mais praticando os meus instintos
Esse mundo é isso
A eterna prisão
O homem dominado que me tornei
E a minha ira que nunca cessa
É o que eu sou
Dentro de mim existe o animal de poder
Forte como o planeta
Filho de gaya
Aguardando por sua libertação
Pronto para a fuga
Rugindo o meu nome
Devorando mãos que me prendem
Estourando o aço que me limita
É a cadeia que estou
Começando a ruir
Caindo por terra
Duvidaram de mim mas meu momento chegou
Estou livre
E ninguém nunca mais irá me prender
Ira
Liberdade
Voz
Rugindo alto o meu nome
Perdi tantos anos presos naquele lugar que quase não consigo correr livre
Perdi a prática
Me limitei
Porém o rei da floresta sou eu
O velho e bom tigre
Os que me fotografavam no zoológico agora correm de mim
Salve-se quem puder, pois irei revidar
Sou um homem
Nada contra as mulheres, pelo contrário, são deusas
Mas nessa vida eu sou um homem
E não me calarão nunca mais
Ouçam a minha voz
Conheçam o meu timbre
O passado nunca mais irá se repetir
Mas ainda assim eu perdi muito tempo naquela jaula, não há como não pensar nisso
Lidarei então com o que me resta
O momento presente
Não deixando nada para amanhã
A revolução é inevitável
Assim como a minha liberdade sempre foi
E o embate eternamente factual
Custe o que custar
Porém compreenda que é alucinante sobreviver deste modo
Mas eu consegui
Agora pagarei o preço que o tempo trouxe
Esta é a minha sina.
Igor Florim
A sina de viver é morrer. Viver adia e leva ao fim . Tenho achado importante buscar serenidade no meio do caminho, não pq seja feito de calmaria , mas para que possa ser revolucionário um passo de cada vez , dia após dia . Se o tigre rugi, na escrita , vai rugir na vida .
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Sou uma mulher! E me sinto muito bem representada em sua fala.
Belíssimo texto.
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gratidão pelo comentário! bem feliz em saber disso! obg
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