
Ninguém trancou a porta
Inacreditavelmente assim, ninguém trancou
Haviam tantos do lado de fora
Porta aberta
A cidade me ocupou
Virei um lar fictício
Buscam o meu colo
Fazem sexo com o meu corpo
E eu desconectado disso tudo
A cidade precisava de um abrigo e a minha casa lá, aberta
Desapeguei
Eu não sou uma casa
E meu corpo dançando feito um ciclone
Fazendo vento na cidade
Iluminando o mundo
Gritam – Artista!
Mas que se foda
Por que você faz isso com você?
Todos envelhecendo, o tempo passando, e você preso em ilusões alheias
Dando atenção para pessoas que tiram a sua liberdade
Olha o preço disso tudo
Sinta o quanto te custa
Ah meu amor, venha comigo, se aproveite do meu colo e antes de partir por favor me dê um último beijo
Olhe bem dentro dos meus olhos
Sinto um vazio tão grande às vezes
Porém eu prevejo o futuro
Um caminho iluminado e florido
São os anjos que dizem essas coisas
Eu quero renascer, reconquistar o meu lar
Botar o mundo todo pra correr
Há um tigre violento solto pela cidade
Ele mata como um vírus letal
Ninguém nunca mais irá tirar a minha liberdade
Ela é tudo o que eu sou
Livre
Correndo pelas matas
Consagrando belas ervas
Dizem por aqui que índio bom é índio solitário
Aprendi muitas coisas
O xamanismo urbano é uma loucura
E eu, o louco mais sóbrio do mundo
Sólido
Lúcido
Querem a minha pele
Me pendurar na parede da sala ou estender o meu pelo em tapete no chão
Mas minhas garras romperam o mundo
Libertei a minha casa
Instaurei o meu lar
Percorri belas florestas
Tive tempo o bastante para calcular todos os passos
O futuro foi escorrendo na minha frente
As minhas previsões estavam certas
Fechei a porta. Que caos. Vou arrumar a minha casa e guardar as coisas que trouxe de longe
Hoje faz frio
Quero dormir depois de um forte banho quente
Sou eu dentro das cobertas
Rasgando com as minhas garras, afofando com o meu pelo
Dormirei agora para ser mais forte amanhã
O tigre manso após o seu renascimento
O tigre
Que belo tigre
Que tudo desmorone depois dele.
Igor Florim
O preço que se paga pelo apego é a liberdade… E a liberdade é o fluir da alma… Uma alma que não flui, não existe.
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meu trecho favorito: “Há um tigre violento solto pela cidade
Ele mata como um vírus letal
Ninguém nunca mais irá tirar a minha liberdade”. texto muito bom mesmo!
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