Talvez seja só no Hawaii que eu hei de te encontrar

Pois se não for, por aqui cedo ou tarde eu te noto

Há quem fuja pelo mar

Aquele cara nadou tão intensamente que eu fiquei só observando

Onde é que ele vai parar

Essas braçadas serão infinitas

E ele deixando algumas pistas para trás. Rezando firme para não afundar lá bem dentro do mar

Olhe para essa imensidão

É justo que o marinheiro tenha medo desse fluxo

Esse mundo de águas

Há quem chame de lar e se afogue de tanto relaxar

Hoje eu quero escalar uma montanha, gritar lá do alto que meu amor está prestes a chegar

Talvez a vida seja só uma aventura

E eu caidinho de tanta adrenalina

Subi a montanha. Daqui do alto consigo ver o oceano

Ninguém duvida do que eu falo cantando

Mas você não estava lá

Nadando ou no topo do morro

Onde estará você

Notei o meu celular tocando

Querem me descobrir, me encontrar, estão em caça atrás de mim e eu correndo. Eu nunca vou parar. É um desespero aflito essa fuga, note como essa vida me suga mas eu não vou parar. Eu nunca vou parar

Estou cantando junto com os animais que não avisto por perto

A floresta tem seus sons

E eles ecoando todos nos meus ouvidos

Joguei o celular fora. Não preciso disso. Acho que em breve estarei exausto nessa selva

Quem sabe vou subir em alguma árvore e rezar para apenas uma onça pintada me encontrar mas nunca os caçadores

Daqui de cima vejo o mar tão plano

Esse monte de água junto é esse oceano todo, acho que me perdi na selva

Os sons já são outros. Todos no pé do meu ouvido. É sinistro a floresta quando o sol já está indo embora

Essa árvore é imensa

Estou subindo sem parar

Acho que consigo dormir aqui no alto, fazer uma viagem estelar, navegar no DMT da minha pineal

Tudo isso enquanto me procuram

Eu não quero essa busca, não quero estar lá para ser encontrado

Fugi tanto que já não reconheço esses arredores

Essa árvore forte

Esse é o conto do dia perdido, da aflição por não encontrar ninguém dentro dessa mata e me sentir presa mas o predador sou eu

Me degustando de ti

Não é hoje que irei te devorar. Talvez esse conto seja uma vírgula na minha fuga

E a floresta é tão extensa que sinceramente não compreendo quando hei de parar

Finalizar a fuga

Te vi ontem na sua rua

Você não notou coisa alguma

Eu em silêncio atravessando onde você mora sem querer me apresentar

Sinto-me intruso

Não quero coisa alguma até que o outro queira

Eu e essa repulsa por incomodar

Quero é viver a minha vida

E daquela rua nada me importava a não ser o meu amor dentro do seu lar

Mas agora tem alguém subindo nessa árvore que estou

Eu preciso ir mais para o alto

Talvez eu salte do topo e esse seja o meu último espetáculo

A peça viva de teatro da morte de tudo que eu fui até agora

Eu não quero ser aprisionado, sou tanta coisa mas nunca jaula

Vão me levar para longe, me matar aos poucos ou por completo afogado

É triste demais morrer sem ter feito tantas das coisas que eu trouxe para cá

Ninguém irá tocar em nada

Nunca alguém será o que você nasceu pra ser

Acho que o inimigo desistiu da subida

Eu gritei tão forte que ele fugiu para longe

Sou um leão nessa selva

Rugindo como uma fera

Vou virar o jogo

Caçar todos os que me buscam sem cessar

Hoje darei pontos finais absolutos e em nenhum deles eu esperava te encontrar

Mas foi a primeira pessoa que eu vi

O meu amor

Não falei nada pra ele

Só quero um abraço mesmo

Se a gente der muitas risadas juntos, facilmente encontramos a praia em seguida

A mata é nossa amiga

Me chamam de marujo mas minha aventura é só você

E de tão caçador que sou, te protejo de todo o mundo, meu bem

Tu pegou na minha mão

Chegamos na praia

É de noite

Só escuto o barulho das ondas se quebrando

Queria dar um mergulho em ti

Me movimentar nas suas marés

Meu bem, seu universo líquido é tão profundo

E eu lembrando tão pouco do meu velho mundo

Pois agora somos jovens

E é só em ti que eu vou mergulhar

Meu bem

As palavras terminam

A maré baixou de tão calma

E eu respirando pertinho de ti

Olhando para a sua alma

Meu bem.

Igor Florim

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