
Hoje eu não falei com ninguém
Muitos dias são assim
Abri a porta de casa após acordar e me trocar para ainda em silêncio caminhar até a praia
A areia ainda gelada dessa noite toda que eu tive por aqui
Quando o mar me encosta muita coisa acontece
Precisei sentar na areia da praia
Eu vivo tantas coisas em segredo que às vezes a vontade é só por pra fora essas coisas
Mar, oceano todo que me molha, essa é a minha hora
Eu só preciso conversar
Logo tu, que me ouve tão bem
Esses dias eu comentei com alguém que eu consigo prever o futuro
Deve ser coisa de sagitariano mas até as pequenas coisas eu consigo prever
E às vezes é uma luta explicar isso para alguém
De todo o potencial do futuro que está por vir
E nessas minhas dificuldades, às vezes tudo até muda… o destino se altera pelas nossas livres escolhas e eu termino a semana sem convencer mais ninguém do que estaria por vir
É quando tudo muda
Eu tinha uma coisa tão importante pra dizer pra ti, oceano, porém agora ela não faz mais sentido algum
O tempo é muito engraçado
Afogou o meu desabafo
E ele deixou de existir
Talvez triste mesmo seja olhar pra trás e entender que aquele momento passado, foi o último
Ah se soubéssemos disso naquela hora
Talvez teríamos cantado mais
Talvez dançaríamos abraçados no escuro
Ou quem sabe, mergulhar mais profundo
Talvez eu lembre eternamente desse último momento vivido, como lembro de uma canção com muita poesia
E eu cante com o meu peito todo estufado, cheio de orgulho daqueles versos, daqueles momentos vividos, daquela morte precoce
Talvez seja só na arte que eu verdadeiramente sinta algo e em todos os momentos além dos artísticos, eu esteja sobrevivendo sem nenhuma reação… quase como quem morre
Deixo para trás essas lágrimas que eu sei que voltarão muitas vezes
Um dia eu chorei do teu lado
Realmente não me recordo quando foi a última vez que eu havia feito isso ao lado de alguém
Quando foi que tu fez algo pela primeira vez?
E hoje, oceano, estou lavando a minha alma com essa melodia
Cantando para as ondas – Talvez eu vá me afogar mas mergulhei distante
Essas águas todas me abraçando
A vida é sempre esse atual instante
Eu não me arrependo de entregar o meu amor para alguém
Mesmo que em vão
Mesmo que perdido nessa lembrança que daqui a pouco será antiga
Dizem por aí que os sábios românticos um dia se encontrarão
Se tem algo que eu nunca deixei de ter, é esperança na vida que eu vivo
Nos meus dias
Eles são tudo o que eu tenho até que acabem para sempre
E o Igor seja só um anexo da minha existência
Uma pasta para abrir e navegar
Um passado distante
Talvez um dia a gente nunca mais se lembre disso tudo
Assim como facilmente esquecemos do nosso passado vivido
Ou desse recente reencontro
Das coisas nunca ditas
Dos amores escondidos
Você foi aquele que foi embora
E eu escrevo sobre ti, desde muito antes de te reencontrar
A onda me tocou novamente
Molhou os meus pés, pernas, roupa
Estou molhado mas tão contente
Talvez essa seja a vida em mim nesse momento
A roupa que precisa ser lavada e seca
Um último instante desse mergulho todo que eu dei e que agora restam pingos da água do mar em mim
Aos poucos secando todo esse oceano que me molhou no abraçado que eu dei
Eu tentei vir aqui falar sobre amor mas não consigo mais
Está tudo escorrendo
E estou aos poucos me secando
Novamente eu, meu mundo e um último profundo mergulho.
Igor Florim