Um dia desses essa cidade acabou

Ninguém viu coisa alguma acontecendo

É triste demais ser sagitariano e prever o futuro

Até o ano que estamos quase se acabou

Ninguém aguenta mais tempo por aqui

Queremos de repente partir, encontrar uma linda praia, um amor calmo que nunca se desfaça

Você se foi e mais ninguém esteve aqui

Meu peito quase morreu. Tu é mais um desistente da minha vida

E nessa luta de ser melhor a cada dia, meu amor próprio por mim só quer crescer

Ser mais forte

Cuidar de quem eu sou

Foi assim que virei a página – quando não havia mais nenhuma palavra para a leitura

E na busca de novos versos, folheei você

Terminando toda a leitura

A despedida talvez seja a coisa que mais me mata por dentro

Imaginar que erramos na escolha, perderemos outra vida e aceitando esse fato, apenas nos despedimos

Sem beijo ou abraço

Um dia eu me vi morrendo

Parecia uma visão do futuro

Eu tão confuso

Meu corpo não sendo mais meu

Aquele voo todo e lá do alto, às pressas, na escuridão da Grécia, avisto meu bem me deixar também

Estamos sucumbidos

Voando mas não mais subindo

O tempo lavou tudo. Nunca mais conversamos em paz, nunca mais te vi rindo pra mim como só o seu sorriso faz

E nessa ausência de vida, nessa procrastinação indevida, o tempo foi se esgotando sem dó

Morremos tão loucos

Já quase não te vejo

E se me pedisse o meu último desejo, seria o de ter feito pelos meus próprios atos algo inédito para ti

Porém você não esteve aqui

Estou folheando sem parar tudo o que ainda me resta

A lembrança do primeiro beijo roubado e de um suspiro inédito ao seu lado

Podridões saiam do meu peito

E ainda assim morri sem conhecer o mundo inteiro

Quase nada mais importa

Estamos indo migrar e passarão milênios até o nosso próximo e sempre desperdiçado encontro cósmico

Estou voando, quase no meio do oceano

Estamos mortos

Clamando por uma segunda chance a vida

Uma ironia do tempo

Porém é onde estamos.

Igor Florim

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