O meu corpo pesou de cansaço

Hoje não parei durante um minuto se quer

Agora meu corpo pensa que é hora de repouso, essa areia fofa, a linha do horizonte, o sol indo embora aos poucos

Estou deitado na praia como se nada mais me importasse

Preciso me acostumar com essa nova rotina

A minha casa é logo aqui em frente ao mar

Ainda não comecei a reforma de onde eu moro agora

Dizem por aí que eu me perdi e nunca mais me encontrei

Porém a bem da verdade, hoje eu sei tudo o que sei, aquelas coisas absorvidas, meu desejo de viver essa jovem vida

O adulto vivaz é tão forte quando fala

Se impõe

Escolhe bem suas palavras

Foi o tempo que ele precisou para ser esse mundo todo

E não importa o tempo que leve, cada um segue seu plano

Me olhou nos olhos e gritou: malandro

Porém eu sei bem qual é o seu sonho

Eu me lembro dele

Mesmo há tantos anos sem você dize-lo por aí

Não importa o quanto você deixe de falar sobre, eu nunca esquecerei

Daquele cara tão vivo, alegre, eufórico

Me chamando de amigo

Compreende agora o que eu tenho vivido até aqui?

O sol já quase foi embora

Precisei virar a página para ser feliz

Recomeçar a ser vivo, bem aqui

A areia já quase me engoliu

São sete horas da noite, tu dormiu sem falar comigo, fumou seu último cigarro sorrindo, sozinho

E o que me resta agora é a energia que eu irei recarregar nessa noite toda

Me fortalecer

Amanhã eu prometo ser melhor do que eu fui, porém agora as minhas forças todas se diluem por aqui

Amassado na areia da praia

Derretido pelas coisas boas que tive com um amor antigo

Porém não sou mais isso

Amanhã conseguirei recomeçar

E até lá, meu bem, traz um cigarro pra mim

Vamos cantar a nossa mais linda canção

Lembrar do verão em São Sebastião e aquelas coisas do passado

O nosso refrão cantado

“Serei livre algum dia não importa o esforço pra me libertar”

Cantamos repetidas vezes ao luar

E hoje essa melodia só ecoa nos pensamentos da minha vida

Quando estou assim, em silêncio, sem ninguém por perto, sentindo a brisa do mar e tudo o que o mundo tenta diariamente me dizer

Quem sabe um dia uma nova rima seja tudo o que eu tenha

De peito aberto, cantando com voz plena

Amanhã irei trabalhar no Méier

Aquele mundo carioca

Sinto a falta de estar lá

Estou indo pra casa agora

Dormir num último dia de descanso

Lutando para ser livre o bastante independente de tudo que eu falar

O mundo desmoronou e eu fui o primeiro a revolucionar

Esse é o meu defeito

Cochilar na praia, notar o tempo e os seus efeitos e cantar bem alto para espantar enterros alheios

Não iremos morrer, iremos nos afogar

Mergulhar sem receios

Ser quem se é, notar seus defeitos, se amar o ano inteiro

Foi assim que cheguei até aqui

Na guerra mais intensa de todas, sem energia para me mover e gritar: foda-se!

Mas é assim que estou aqui

Tenho vinte e cinco anos

Agora me deixe tragar mais aprendizados, já cansei de me explicar.

Igor Florim