O tempo ficou nublado justo agora que cheguei aqui em cima

Meu instinto diz que eu devo descer mas no meu peito, a sensação é de que eu finalmente cheguei aqui outra vez

Preciso absorver mais deste lugar

Lembrar dessa colina e das conversas olhando pra cidade daqui de cima

Sigo no mesmo clima

Mas hoje vim me despedir

Virar a página do que aqui eu vivi

Acho que já deu, eu preciso sair daqui

Eu corri pela floresta

O céu segue em festa de tanto relampejar

Tantas sextas-feiras aqui, cantando ao luar, falando o que se deve falar, se entregando por todos os cantos deste lugar

Não é sobre ter alguém pra se entregar, é a minha história, o modo como eu vivo meus dias, meu riso, minhas glórias

Eu sempre lembro é da minha família e não de qualquer conto furado ou romances mal vividos

Mas na descida, correndo floresta abaixo, eu deixei várias pistas

Quem sabe um dia eu mesmo as acho

Finalmente estou chegando aqui em baixo

Hoje em dia não se importam mais com o que eu faço

Sou livre, faço e falo tudo o que sou, sem papos furados

Lembrei que um dia desses me perguntaram da minha vida… uma sequência de perguntas sofridas

Parecia cumprir um requisito, do tipo: Vou me propor a falar disso

Nada natural

Coisas falsas tem me feito muito mal. E o oposto disso, bem… o oposto disso é o meu paraíso, aquele filme natural

Uma cena no topo da colina

Nada mal

Me sinto bem sendo verdadeiro… é como um último momento de vida, vai que eu morra e nunca mais fale da minha vida

Portanto eu me entreguei

Tentei

E precisei de um só “não” para nunca mais tentar

Estou cansado de pessoas vazias

A única saída – preencher-me eu mesmo

Não teve jeito

A floresta ficou para trás

Caminhei a noite inteira e fui revolucionar

Eu não esperei ninguém

No caminho inteiro eu fui apenas me amar

Me orgulhar de todos os meus feitos e do que eu fiz pra me curar

Já não lembro dessa noite passada, já não lembro direito

Agora é o futuro que eu vou conquistar

Hoje a noite, seguirei caminhando, seguirei para lá.

Igor Florim

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