
É uma loucura novamente entrar no seu carro
Estive perdido, cantando com poucos do meu lado, enfrentando vigaristas, ignorando os otários
Sempre foi sobre nós dois e aqueles anos lado a lado
Paramos num bar pacato, aos dezoito anos viemos aqui, tudo está como naquela noite
A praça do abacaxi em frente, pouco movimentada
Você na minha frente, na minha mesa, nós dois e mais nada
No rádio àquela música, poesia barata que não diz, ameaça
Tentaram criar uma sonoplastia pra nós, um casal tão jovem e comum
Mas nenhuma melodia era tão profunda quanto nós dois
Não deixamos quase nada pra depois, muitas noites ao seu lado dormidas, o frio do ar-condicionado e tudo o que isso implica – Vamos dormir agarrados
No meu sonho eu saía voando de um penhasco
O vento frio me lavava pra longe
No nosso quarto eu acordava com você distante, sem cobertor pra me esquentar
Meu bem, chega pra cá
Não quis pegar no sono, fiquei te olhando
Esse rostinho merece o beijo que eu vou te dar
Meu bem, não me acorde
Mas não negou me abraçar
Acordou bem rápido – Eu amo você a me olhar
Assim tão calmo, sem medo, sem pressa
Eu acordei quase que em marte
Com os anos se passando e as memórias vivas e fáceis
Os anos se passarão, meu bem
Iremos nos afastar, talvez nunca mais nos ver
E eu pra sempre pensando em você
Dessas noites, de nós dois
Até a intimidade um dia, se foi
É a memória de um outro tempo
Nós nos deixamos para depois
Não mais voltou a nossa vez
Não mais restou eu e você
Demorei pra perceber
Só um restou
Eu
Agora, te ames, meu bebe
Não há mais nada sobre eu e você.
Igor Florim